No “antigo” , além de falar de moda sem muita afetação, eu gostava de passar um pouco de como as coisas funcionam nos bastidores. Tinha muitos leitores que eram estudantes de moda e interessados em aprender como tudo fucnciona e isso era bem legal pois eu recebia um feedback bastante estimulante a continuar. Por isso, no “novo” moda eu mantenho essa linha de postagem que vai rolar de vez em quando pra tentar esclarecer, na teoria, o que a gente vê na prática mas às vezes não sabe como acontece nem como explicar. Esse é um dos grandes diferenciais do blog em relação aos demais que se propagam por aí (sem desmerecê-los, evidentemente) pois, acredito que tem gente também interessada em estudar Moda mais profundamente. Então, mandem suas dúvidas pro meu email, ok?
Então, vamos começar com um tema que é dúvida bem comum de bastante gente: Como nasce uma moda?
Temos mania pelo novo. A humanidade é assim: sempre busca novas experiências, novos conceitos e novas imagens pra botar abaixo o que está vigente e a moda, em sua essência, tem esse caráter “impaciente e de movimento constante” como dizia o filósofo e sociólogo Georg Simmel. E essa maneira de tornar as coisas rapidamente obsoletas é uma característica da sociedade pós-industrial e não só no que diz respeito às vestimentas.
Existem duas maneiras pra uma moda nascer e se propagar. Uma é conhecida pelos teóricos como trickle down (traduzindo, “gotejamento”). É quando os, digamos, ditadores de tendência do topo da pirâmide, aquele povo chiquérrimo que entende do riscado e pensa a moda resolve dizer que determinada coisa é legal, é tendência e o restante da população “normal”, o povão, aceita isso como verdade, segue e acaba propagando a idéia. A outra maneira, a inversa, é quando a tendência nasce nas ruas. Uma pessoa usa, depois outra, e mais outra… e isso vira moda, o mercado absorve a idéia e joga nas passarelas, editoriais em revistas e por aí vai. Esse também tem um nome teórico, trickle up (traduzindo ao pé da letra é “gotejar pra cima”, “jorrar”, algo assim). Essas duas formas fazem parte do que os téoricos chamam de Modelo Trickle Effect (esse também é um modelo usado pelo Marketing e surgiu por causa dele). Então, seja vindo das ruas ou dos bureaus de estilo, moda é a tendência que dá certo e, como resultado, e é seguida por muitos.
Acontece que como toda história da humanidade, passamos por momentos semelhantes aos que alguma geração passada já viveu e fatores como a economia, estilo de vida, etc etc etc… também têm influência enorme na moda.
Por exemplo, no período da 1ª Guerra Mundial, as roupas femininas ganharam uma “cara” mais, digamos, masculina. A explicação está na praticidade. Imagina como seria pra uma mulher, sozinha (sim, porque seus maridos estavam na guerra) e com filhos fazer todas as tarefas, dirigir e ser uma super mulher vestida de espartilho, toda apertada, cheia de babadinhos, saião… não dava! Então surgiram peças como as saias calças (1914) e na 2ª Gerra mundial as saias ficaram mais justas (por causa da contenção de despesas com tecidos) e ganharam fendas (1940) para facilitar os movimentos das moças. As vestimentas foram ficando mais práticas, funcionais e adaptadas ao momento histórico. Depois veio Dior (1947) e criou o new look que trazia de volta aqueles saiões gigantescos e volumosos e a cintura marcadíssima inseridas num contexto de necessidade de glamour e sonho depois de um período tão conturbado de guerra. E por aí vai…
E assim, se você reparar, em cada período histórico algo externo influenciava numa mudança não só de comportamento mas também na moda (que é algo completamente inseparável em se tratando de comportamento humano). E essa influência tanto podia vir “de cima” (Ex.: Os ditadores de tendências dizerem que a cor azul é tendência porque existe um produto químico “tal” que não está tendo muita saída no país “Z” e é necessário escoar essa produção produzindo um corante com o “tal” produto químico que cria a cor azul), ou das ruas (Quando a gente acha lindo e copia detalhes e características das roupas que os punks usavam no fim da década de 70. E olha aí a moda voltando!).
Interessante, não? Na próxima eu prometo explicar porque que a moda tem esses “vai e vem” e hoje o que é liiiiindo amanhã vira uma cafonice só. Vamos em pequenas doses… bem trickle effect, ok? Até a próxima!
As imagens das roupas da 2ª Gerra Mundial e do New Look de Dior são de Pauline Westom Thomas e podem ser encontrada no site www.fashion-era.com.
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Abraços até a próxima .........
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